Uma mulher com mais de meio século e portanto com tempo e experiências suficientes para ter formado alguns conceitos a respeito da vida; da MINHA VIDA porque só posso falar com propriedade daquilo que vivi, senti, aprendi, li, descobri,...
Olho sempre à minha volta porque faço parte de um todo não sou apenas um ser errante que se satisfaz em sentir-se grande mostrando o quanto todos são muito pequenos, que às vezes passa impune, outras incomoda e apesar de tudo e todos tento lutar por um espaço que julgo ter direito para sobreviver, não ensandecer e não sucumbir.
Não acredito em imposições mas nas conquistas e estas só são possíveis quando existe uma reação cósmica, espíritos na mesma sintonia atraídos pela energia da semelhança.
A falta dessa energia me faz órfã de amigos e família, estou na contramão do meu mundo e pertenço à minoria que é excluída naturalmente onde a maioria sempre vencedora e esmagadora se fortalece na razão ou na ignorância e anula tudo o que pode lhe destronar do império dos egoístas e envaidecidos que congratulam-se esfuziantes em mais uma vitória do “forte” que vampiriza o “fraco” na guerra da sobrevivência.
Não acredito na funcionalidade das experiências acumuladas, cada uma é única e apenas um elo a mais na corrente do conhecimento adquirido.
A cada nova oportunidade é a chance de renovar cada segundo que morre e outro que nasce no eterno recomeço do caminho que se chama vida.
Não contenho minha indignação diante da desigualdade proposital onde se usa palavras de justiça mas as ações do cotidiano servem apenas para debochar das leis que representam as injustiças legais pagas com moedas ou favores na cúpula dos podres poderes desde o mais alto escalão até o microcosmo da desordem humana em cada mente doentia fazendo dos ombros dos seus semelhantes a escada para o ilusório mas duradouro e rentável sucesso. Tenho fé na vida, tenho fé numa energia grandiosa que a tudo vê, julga e ecoa retribuindo cada atitude de acordo com o merecimento.
Tenho fé que o ser humano recupere sua sabedoria e não continue a destruição do planeta e da raça e que um dia não muito distante eu possa estar entre pessoas que me aceitem como sou sem que eu precise ser o que esperam de mim e que eu tenha mais alternativas além de aceitar, concordar ou me calar. Por enquanto, quanto mais tento me aproximar de pessoas mais sinto falta dos meus gatos.
Na verdade sou para mim o que acredito e o que vejo no meu espelho e todas as outras que cada pessoa vê e deduz que sou diante do que sabem ou pensam que sabem a meu respeito.

Dora Canaver - Dezembro - 2006

A woman with more than half a century and therefore with enough time and experience to have formed some concepts about life; of MY LIFE because I can only speak with propriety of what I lived, felt, learned, read, discovered, ...
I always look around me because I am part of a whole. I am not just a wandering being who is content to feel great showing how small everyone is, who sometimes goes unpunished, sometimes bothers and despite everything and everyone I try to fight for a space that I believe I have the right to survive, not to become insane and not to succumb to.
I don't believe in impositions but in conquests and these are only possible when there is a cosmic reaction, spirits in the same attunement attracted by the energy of similarity.
The lack of this energy makes me an orphan of friends and family, I am moving on the opposite direction of the world, I belong to the minority that is naturally excluded where always winning and overwhelming majority is strengthened in reason or ignorance and annuls everything that can dethrone it from the empire of the selfish and praised ones who congratulate themselves in another victory of the "strong" that vampirizes the "weak" in the war of survival.
I don't believe in the functionality of the accumulated experiences, each one is unique and just one more link in the chain of acquired knowledge.
Every new opportunity is the chance to renew every second that dies and another that is born in the eternal restart of the path that is called life.
I cannot contain my indignation at the purposeful inequality where words of justice are used, but everyday actions serve only to mock the laws that represent legal injustices paid for with coins or favours at the summit of rotten powers from the highest echelon to the microcosm of disorder human in every sick mind making the shoulders of his fellow men the stairway to the illusory but lasting and profitable success.
I have faith in life, I have faith in a great energy that sees everything, judges and echoes, repaying each attitude according to the merit.
I have faith that the human being regains his wisdom and does not continue the destruction of the planet and the race and that one day not too distant I can be among people who accept me as I am without I have to be what they expect from me and that I have more alternatives besides accepting, agreeing or shutting me up. For now, the more I try to get closer to people the more I miss my cats.
In fact, I am what I believe and what I see in my mirror and all the others that each person sees and deduces that I am in front of what they know or think they know about me.

Dora Canaver - December - 2006