Exibicionismo e Voyerismo Dando uma espiadinha
Exibicionismo e voyeurismo são os dois lados da mesma moeda, pontos opostos da mesma reta, um não existe sem o outro.
Enquanto o primeiro tem excesso de segurança e auto-estima a maioria do segundo ao contrário é tão insegura quanto as próprias atitudes
e desejos e tem tanto medo de se expor que acaba vivendo apenas de fantasia olhando a realidade alheia.
Antes se espiavam às escondidas; era o binóculo na janela do vizinho, o buraco da fechadura, atrás da cortina,... mas os tempos mudaram,
agora é tudo às claras fazendo o sucesso de uma avalanche de revistas, sites e programas de TV sobre fofocas.
Com uma visão comercial imensurável foram criados os realities shows: “No limite”, “Casa dos artistas”, “O aprendiz”, “Ídolos”,...o mais bem
sucedido até o momento é “Big Brother” criado pelo holandês John de Mol onde podemos ver exibicionistas de todos os tipos na corrida pelo prêmio
e voyeurs disfarçados de espectadores interagindo, ligando, participando, votando e até pagando para estarem inseridos no jogo.
É o vazio do dia a dia, a falta de perspectiva e até dinheiro para o lazer e programas mais culturais que faz com que esses shows façam tanto sucesso.
Sem vida própria as pessoas embarcam na realidade planejada ou teatral que rende muita audiência e lucros para pagar muito bem àquele que representar
melhor os anseios do público.
O povão assumido em sua condição simples se diverte e até sofre, os intelectuais dizem que é um jogo para estudo do comportamento humano; sem dúvida
que sim, é possível ver o retrato atual da sociedade nesse micro universo.
A vida é um jogo, os exemplos que vemos na TV acontece o tempo todo em nossas vidas sem nos darmos conta disso; falsidade, honestidade, mentiras,
verdades, traição, apoio, jogo de sedução, gente folgada, parasitas, colaboradores, ombro amigo, amigo da onça, duas caras, beleza e feiúra física
e de caráter. Como na vida, os semelhantes se aproximam e acabam formando grupos que se rivalizam nas diferenças e podemos comparar claramente
com o que se passa na realidade; os maus se unem e usam de todos os golpes sujos para derrubar os bons ou menos ruins que ficam a mercê de suas
trapaças enquanto o público assiste a tudo não sabendo como lidar com a situação criando uma rede de discussão em torno do assunto.
No caso do programa pelo menos o povo tem declarada sua participação e também pode tentar ajudar tomando partido dos injustiçados. É um teste do
seu poder de interferir e mudar o jogo quando unido num só propósito, os bisbilhoteiros de plantão veem tudo e numa corrente gigantesca reúnem
milhões de adeptos para protestar quando algo errado ou injusto acontece fazendo valer seu ponto de vista e com certo poder para manipular
as peças do jogo; torcendo, votando, eliminando ou dando a vitória e no final ver o bem vencer o mal.
Na vida real isso não tem acontecido com o mesma intensidade porque o povo ainda não descobriu que para mudar um jogo é preciso se interar das
regras e que o mesmo poder que exerce no jogo da TV tem que ser usado no dia a dia pra mudar a própria vida. Quando for usado o mesmo empenho,
a mesma união, a mesma convicção para ver seus direitos postos em prática e os abusos de toda espécie serem julgados e condenados com justiça,
só então iremos construir uma sociedade igualitária e iremos diminuir consideravelmente a criminalidade, a corrupção, a insegurança, o abuso
de poder, a hipocrisia social e política, a morosidade e ineficiência da justiça, a destruição do planeta, a degradação da moral e bons costumes,
todo tipo de preconceito, desigualdade,... e pra isso também é preciso votar com mais consciência e sabedoria e pensamento coletivo e esperança da
legitimidade das urnas porque vivendo melhor como um todo vamos adiar o desaparecimento do ser humano.
Dora Canaver - 2014
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Exhibitionism and Voyeurism
Take a peek
Exhibitionism and voyeurism are two sides of the same coin, opposite points on the same line, one does not exist without the other.
While the first has an excess of security and self-esteem, the majority of the second, on the contrary, are as insecure as their own
attitudes and desires and are so afraid of exposing themselves that they end up living only in fantasy looking at the reality of others.
Before, they spied on the sly; it was the binoculars at the neighbor's window, the keyhole, behind the curtain, ... but times have changed,
now everything is open to the success of an avalanche of gossip magazines, websites and TV shows.
With an immeasurable commercial vision, the realities shows were created: “At the limit”, “House of artists”, “The apprentice”, “Idols”, ...
the most successful so far is “Big Brother” created by the Dutchman John from Mol where we can see exhibitionists of all kinds in the race
for the prize and voyeurs disguised as spectators interacting, calling, participating, voting and even paying to be included in the game.
It is the emptiness of everyday life, the lack of perspective and even money for leisure and more cultural programs that makes these shows so
successful. Without a life of their own, people embark on a planned or theatrical reality that yields a lot of audience and profits to pay very
well to those who best represent the public's desires.
The people assumed in their simple condition have fun and even suffer, intellectuals say it is a game for the study of human behavior; without a doubt,
it is possible to see the current portrait of society in this micro universe.
Life is a game, the examples that we see on TV happen all the time in our lives without realizing it; falsehood, honesty, lies, truths, betrayal,
support, seduction game, loose people, parasites, collaborators, friendly shoulder, jaguar friend, two faces, beauty and physical and character
ugliness. As in life, peers come together and end up forming groups that rival each other in differences and we can compare clearly with what is
happening in reality; the bad guys get together and use all the dirty blows to take down the good or less bad ones who are at the mercy of their
cheating while the public watches everything without knowing how to deal with the situation by creating a discussion network around the subject.
In the case of the program, at least the people have declared their participation and can also try to help by taking advantage of the wronged.
It is a test of their power to interfere and change the game when united in a single purpose, the eavesdroppers on duty see everything and in a
gigantic chain they gather millions of supporters to protest when something wrong or unfair happens making their point of view and with certain
power to manipulate the game pieces; cheering, voting, eliminating or giving victory and in the end see good overcoming evil.
In real life this has not happened with the same intensity because the people have not yet discovered that in order to change a game it is necessary
to interact with the rules and that the same power that wields in the TV game has to be used in everyday life to change the own life. When the same
commitment, the same union, the same conviction is used to see their rights put into practice and abuses of all kinds are judged and condemned fairly,
only then will we build an egalitarian society and significantly reduce crime, corruption , insecurity, abuse of power, social and political hypocrisy,
the slowness and inefficiency of justice, the destruction of the planet, the degradation of morals and good customs, all kinds of prejudice,
inequality, ... and for that it is also necessary to vote with more conscience and wisdom and collective thinking and hope for the legitimacy
of the ballot box because by living better as a whole, we will postpone the disappearance of human beings.
Dora Canaver - 2014
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